O Batman do Tom King tem medo

Os quadrinhos de heróis possuem como objetivo nos inspirarmos a sermos nossa melhor versão de nós mesmos.

Dentre as inspirações e aspirações, aquele que mais chama a atenção, pelo menos nos dias de hoje, é alguém em quem nos identificamos como um igual.

Gênio, playboy, bilionário e filantropo. Sim, estamos falando do Bruce Wayne, o humano mais humano da Liga da Justiça.

Temos na figura do Batman, seu alter ego, um humano que consegue fazer frente (com algumas forçadas de barra, vai) a todos os semideuses do universo DC. O famoso meme “o Batman, com preparo, venceria” (não me culpe, culpe o Grant Morrison).

De tantos autores partilhando de tantas histórias, Tom King nos apresenta um Batman falho.

Esqueça aquele que braveja ordens a torto e a direito, ou aquele que sai na mão com o Superman em Batman v Superman (que Alan Moore perdoe isso), aqui ele é falho, frágil, traumatizado.

O Bruce Wayne sabe o quão insano e ridículo é se fantasiar de morcego para combater o crime. Ele também sabe que a tragédia com seus pais ainda o traumatiza. Numa troca de cartas com a Selina, a mulher Gato, eles compartilham o medo que sentem e os erros que cometeram.

Ele escolhe pela vulnerabilidade, por baixar a guarda, encontrar alguém a quem possa abrir o peito. Se permite relacionar amorosamente. Ele pede a mão da Selina em casamento.

Aqui, toda firmeza de um herói que se popularizou nos dias de hoje por ser uma contraparte do escoteirão de azul, cai por terra e nos revela, talvez pela primeira vez, que todos temos medo e tá tudo bem em senti-los. Enfrente-os, mesmo que, para isso, precise de ajuda.

Talvez esse tenha sido o maior ato heroico que li sobre o Batman.

Afinal de contas, porque caímos? Para que possamos levantar mais forte.

Abraços,

Rafael Moreno

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